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Anna Goldberg

Biosafety, more important than ever


Have you heard of the Chartr platform (Chartr | Data Storytelling)? Every week, a newsletter arrives with various compiled charts on a wide range of subjects. Just a glance gives a good idea of the numbers involved in topic A or B. In its news of April 3, one of the charts (sponsored by the company Vanta) referred to the numbers of invasions and compromises of the American data network, showing the vertiginous growth of cyber security breaches in recent years. In 2022, there were over 1,800 invasions that victimized 422 million people according to data from the Identity Resource Theft Center. Yes, in this globalized world, the inadvertent loss and theft of identities also includes the theft of ideas, knowledge, and even biological products for malicious and ill-intentioned use (especially military use).


In line with these new times, a detailed study was recently published – the Biorisk Management Casebook: Insights into contemporary practices - carried out by a group of researchers from Stanford University (https://cisac.fsi.stanford.edu/news/biorisk-management-casebook-insights-contemporary-practices) and several partners from other organizations. It is a bedside guide to understanding the many nuances of biosafety. From an initial universe of 380 organizations, the research group analyzed in detail several dozen involved in activities that can be directly impacted by cyber security and biosecurity breaches. They selected 20 case studies that formed the framework of the published report. Eight of these studies refer to organizations that already have interesting solutions, which are summarized in the document's supplements.


Interestingly, in English, the word "security" has two translations: "safety" and "security," which actually gives rise to many doubts. My interpretation is that the first refers to a physical, personal, individual state of protection against harm, injury, or risk, while the second is more dynamic and proactive in seeking to ensure the security against harm, injury, risks of an individual, a group, or a region (country, continent, and so on).

To better understand what is being discussed, here are three of the eight cases that formed the basis of the document:


1. The American Society for Microbiology (ASM) publishes 16 prestigious journals that are important in the field of infectious diseases, with the mission of communicating fundamental and applied research results. Together, they account for 15% of publications in the area and 31% of citations. Given the potentially sensitive nature of the information and the possibility of dual use, civil and military, the editors have established processes in which the authors inform, the editorial secretariat evaluates, and the reviewers and even the editors check for potential danger of malicious use of the information. Some of the questions to be answered refer to virulence, immune evasion mechanisms, treatment resistance, transmissibility, and expansion of targets. Depending on the answers, the editors decide on partial or complete publication or on an explanatory editorial of the potential risks and the reasons for the decision to publish (https://doi.org/10.25740/wb258gg9708).


2. The foundation that oversees the International Genetically Engineered Machine (iGEM), an annual international competition to promote synthetic biology for students of all levels, has several very interesting processes. They are transparent processes, reviewed annually, with a strong focus on raising awareness among competitors about the risks their projects present. There are also awards for works evaluating and mitigating risks in the biosafety area. All projects presented (and there are numerous) are evaluated for potential risks, and everyone benefits, including discussing ways to mitigate risks in their own projects. Unesp in Araraquara (https://auin.unesp.br/times-e-competicoes) and other Brazilian teams (https://revistapesquisa.fapesp.br/en/tiny-machines-of-the-future/) have already won gold medals in the 2017 round. It's worth checking out (https://purl.stanford.edu/cc191wv3999).


3. The third example comes from the Biosafety Office of the National Institute for Public Health and the Environment (RIVM) in the Netherlands. In addition to awareness-raising initiatives and monitoring of the activities of researchers and agents responsible for biosafety in various institutions, it has developed an application (Dual Use QuicksScan) to help the user determine whether the focus of their studies may in some way be subject to dual use, civilian and military. It can be accessed at https://dualusequickscan.com/ and used by anyone. The information is not stored anywhere except on your own computer and therefore remains anonymous. It includes 15 items to be evaluated by the user, namely: high-risk biological agents, host diversity and tropism, virulence, stability, transmissibility, absorption and kinetics of toxic components, drug resistance, population immunity, adverse effects, knowledge and technology, ecological consequences, economic consequences, and consequences for society (https://purl.stanford.edu/bq389xk1015).


To learn more, you may want to read the recently published excellent checklist (Brizee S, van Passel MWJ, et al. Development of a Biosecurity Checklist for Laboratory Assessment and Monitoring. Appl Biosaf. 2019 Jun;24(2):83-89. doi: 10.1177/1535676019838077).


The study discussed in this article is extensive, detailed, and relied on many sources of information. However, the Brazilian contribution to biosafety is limited to one law - our law #11.105, which created the National Biosafety Commission in 2005. The question remains whether this law is still adequate today, in light of the multiple challenges posed by the widespread genetic testing for humans, animals, and plants, innovative technologies and synthetic biology, the full-scale coming of artificial intelligence, and the expansion of open science practices.


Biossegurança, mais atual que nunca.


Já ouviram falar da plataforma Chartr (Chartr | Data Storytelling)? Toda semana chega um "newsletter" com diversos gráficos compilados sobre os mais diversos assuntos. Basta um olhar para ter uma boa ideia dos números envolvidos no assunto a ou b. Nas suas notícias de 3 de abril, um dos gráficos (patrocinado pela empresa Vanta) se referia aos números de invasões e comprometimentos da rede de dados americana, mostrando o crescimento vertiginoso das quebras de segurança cibernética nos últimos anos. Em 2022 foram mais de 1800 invasões que vitimizaram 422 milhões de pessoas conforme dados do identity Resource Theft Center. Pois é, nesse mundo globalizado, a perda inadvertida e o roubo de identidades inclui também roubo de ideias, de conhecimento e, também, de produtos de origem biológica para uso malicioso e mal-intencionado (principalmente militar).


Consoante com os novos tempos foi publicado recentemente um estudo detalhado – Biorisk Management Casebook: Insights into contemporary practices - efetuado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Stanford, (https://cisac.fsi.stanford.edu/news/biorisk-management-casebook-insights-contemporary-practices) e diversos parceiros de outras organizações. Um guia de cabeceira para se entender as muitas nuances da biossegurança. De um universo inicial de 380 organizações, o grupo de pesquisadores analisou em detalhe algumas dezenas, envolvidas em atividades que podem ser diretamente impactadas por quebras de segurança cibernética e biossegurança. Foram escolhidos 20 estudos de caso, que formaram a moldura do relatório publicado. Oito destes estudos referem-se a organizações que já possuem soluções interessantes e que se encontram resumidas nos suplementos do documento.


De modo interessante, em inglês a palavra segurança tem duas traduções: safety e security, o que, inclusive, dá origem a muitas dúvidas. A minha interpretação é de que a primeira se refere a um estado físico, pessoal, individual de proteção contra danos, lesões ou riscos e a segunda é mais dinâmica, proativa na busca de garantir a segurança contra danos, lesões, riscos de um indivíduo, de um grupo ou de uma região (país, continente, e assim por diante).


Para que compreendam melhor do que se trata, exemplifico aqui 3 dos 8 casos que serviram de base para a elaboração do documento.


1. A Associação Americana de Microbiologia (ASM), edita 16 revistas prestigiadas, importantes na área de doenças infecciosas, com a missão de comunicar resultados da pesquisa fundamental e aplicada. Em conjunto, respondem por 15% das publicações na área e 31% das citações. Dada a natureza potencialmente sensível das informações e a possibilidade de uso duplo, civil e militar, os editores estabeleceram processos pelos quais os autores informam, o secretariado editorial avalia e os revisores e até os editores checam se há perigo potencial de uso malicioso das informações. Algumas das perguntas a serem respondidas referem -se a virulência, mecanismos de evasão imune, resistência a tratamento, transmissibilidade e expansão de alvos. Conforme as respostas os editores decidem pela publicação parcial ou completa, ou por um editorial explicativo dos eventuais riscos e as razões pela decisão de publicar (https://doi.org/10.25740/wb258gg9708).


2. A Fundação que cuida do International Genetically Engineered Machine (iGEM), uma competição internacional anual de fomento à biologia sintética voltada para estudantes de todos os níveis, tem vários processos muito interessantes. São processos transparentes, revistos anualmente, com foco forte voltado para conscientização dos concorrentes quanto aos riscos que seus projetos apresentam. Há também prêmios concedidos para trabalhos de avaliação e processos de mitigação de riscos na área de biossegurança. Todos os projetos apresentados (e são inúmeros) são avaliados quanto aos riscos potenciais e assim todos se beneficiam, inclusive discutindo formas de mitigação dos riscos de seus próprios projetos. A Unesp de Araraquara (https://auin.unesp.br/times-e-competicoes/142/unesp-brazil-igem) e outros times brasileiros (https://revistapesquisa.fapesp.br/en/tiny-machines-of-the-future/) já conquistaram medalhas de ouro, na rodada de 2017. Vale a pena conferir (https://purl.stanford.edu/cc191wv3999).


3. O terceiro exemplo vem do Escritório de Biossegurança do Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente (RIVM) da Holanda. Além de iniciativas de conscientização, acompanhamento das atividades de pesquisadores e agentes responsáveis pela biossegurança nas diversas instituições, desenvolveu um aplicativo (Dual Use QuicksScan) para ajudar o usuário a determinar se o foco de seus estudos pode ser, de alguma forma, objeto de uso duplo, civil e militar. Pode ser acessado em https://dualusequickscan.com/ e usado por todos. A informação não é armazenada em nenhum local a não ser o seu próprio computador e, portanto, permanece anônimo. Compreende 15 itens a serem avaliados pelo usuário, a saber: agentes biológicos de alto risco, diversidade de hospedeiros e tropismo, virulência, estabilidade, transmissibilidade, absorção e cinética de componentes tóxicos, resistência a drogas, imunidade da população, efeitos adversos, conhecimento e tecnologia, consequências ecológicas, consequências econômicas e consequências para a sociedade (https://purl.stanford.edu/bq389xk1015).


Para leitura adicional vale analisar a excelente lista de verificação recentemente publicada (Brizee S, van Passel MWJ, et al. Development of a Biosecurity Checklist for Laboratory Assessment and Monitoring. Appl Biosaf. 2019 Jun;24(2):83-89. doi: 10.1177/1535676019838077).


O estudo aqui comentado é extenso, detalhado e utilizou muitas fontes de informação. Do Brasil, apenas uma, a nossa lei 11.105, que cria a Comissão Nacional de Biossegurança. Fica a pergunta: A nossa Lei, datada de 2005 está ainda atual, perante os múltiplos desafios representados pela popularização de exames genéticos de gente, bichos e plantas, por tecnologias inovadoras e biologia sintética, pelo advento da inteligência artificial e a expansão das práticas de ciência aberta?



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