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Anna Goldberg

Considerações Éticas no Tratamento do Câncer


Tive a oportunidade de ler uma matéria no Oncology News essa semana, que me pôs a pensar (https://www.oncologynewscentral.com/article/unethical-cancer-study-designs-why-clinical-trials-arent-always-best-for-patients). Na qualidade de consultora em integridade científica e membro do iii responsável pela comunicação científica, estou sempre à procura de matérias ligadas `às doenças de fundo imunológico e tratamentos com imunobiológicos. E tenho a certeza de que as situações vividas pelo autor, a seguir, ocorrem em todos os grandes hospitais pelo mundo afora.


Nessa matéria, o Dr. Manni Mohyuddin, professor assistente no Programa de Mieloma Múltiplo na Huntsman Cancer Institute da Universidade de Utah, em Salt Lake City, conta um pouco de seu histórico, sua especialização em onco-hematologia num hospital onde o mantra sempre foi: o melhor tratamento para o seu paciente é um ensaio clínico. O autor coloca essa indicação em cheque, dado que muitas dessas drogas tem toxicidade muito elevada. Também cita exemplos onde o braço controle do ensaio (necessário para aprovação da nova droga para tratamento de mieloma múltiplo) é de um tratamento já demonstrado previamente ser de pouca eficiência para o paciente, ou mesmo sem medicação nenhuma, atitudes antiéticas já que o cenário é de diversos tratamentos já existentes no mercado. Isso decorre das exigências para aprovação dos novos remédios pela agência responsável, no caso o FDA. Essa carta de desabafo é importante para se repensar os formatos de ensaios clínicos para câncer e mostra como é importante a instância dos comitês de ética em pesquisa para auxiliar na tomada da melhor decisão para os pacientes.


Estava pensando nesse texto, quando caiu na minha mão, uma notícia da Nature (doi: https://doi.org/10.1038/d41586-024-02255-2) com um relato sobre uma criança portadora de um glioma difuso de linha média, considerado uma doença incurável, sendo tratado com células CAR-T há mais de 3 anos. Esta criança vai toda semana ao hospital em Seattle receber a infusão, a qual já recebeu 70 vezes! O seu médico Nicholas Vitanza tem muito orgulho desse sucesso, mas reconhece que esse caso é incomum e que esse tratamento não costuma ser tão eficiente. Cita ainda outros casos de uso desse tratamento em tumores sólidos, que apresentam resultados variáveis e, eventualmente, efeitos adversos graves. Será que um Comitê de Ética em Pesquisa brasileiro aprovaria esse tratamento tão prolongado? Com a palavra....

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