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Anna Goldberg

Efeitos de segunda ordem na pesquisa


Vocês sabem o que são efeitos de 2ª ordem?


Apesar de ser um termo utilizado nas engenharias, aprendi que esse termo também pode ser aplicado a outras esferas, inclusive na política. Seriam os efeitos indesejados decorrentes das más decisões dos governantes e países.


No Brasil, o desmantelamento da educação superior pelo atual governo gera efeitos a longo prazo que incluem a fuga de cérebros, a derrocada da internacionalização da pesquisa brasileira e a perda da infraestrutura e de grandes projetos que dependem de manutenção continuada.


Perdas difíceis, quando não impossíveis, de serem revertidas. A pandemia só veio acelerar e piorar a situação. A guerra na Ucrânia também está gerando efeitos, de médio e longo prazo, na pesquisa.


Matéria da Folha de São Paulo (por Ignácio Bediaga e Mario Novello, em 22/03/2022) começa com uma nota de otimismo informando o ingresso do Brasil, como membro associado, no CERN (Organização Europeia de Pesquisas Nucleares), que opera o maior acelerador de partículas no mundo (Large Hadron Collider), localizado na Suíça.


É uma grande oportunidade para a Física brasileira. Mas também comenta a decisão da organização de suspender a parceria com os russos (de acordo com o “Scientific American” em matéria de 9 de março de 2022, a Ucrânia (mas não a Rússia) faz parte da organização e os pesquisadores ucranianos solicitaram essa interrupção).


O que acontecerá com os 1000 funcionários russos do CERN é ainda uma incógnita, mas estes e os demais pesquisadores russos espalhado pelo mundo afora estão sentindo na pele os efeitos da guerra do Putin. A morte e a destruição generalizada da Ucrânia estão gerando efeitos que perdurarão por anos e décadas, na política, na economia e, também, na ciência.


E eu, horrorizada pelas notícias diárias, continuo de luto.

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